Corrie Ten Boom
Uma heroína da fé
Das terríveis atrocidades cometidas pelo nazismo, emergiram histórias imortais de fé e sacrifício corajosos protagonizadas por judeus e outros alvos de extermínio. Nenhuma dessas histórias é mais fascinante que a de Corrie ten Boom e sua família, que, para proteger judeus, despenderam esforços ousados e custosos.
Cornelia “Corrie” ten Boom – (Amsterdam, 15 de abril de 1892 — Placentia , EUA, 15 de abril de 1983). Cresceu numa cidade próxima, Haarlem. Teve duas irmãs: Betsie, que morreu em 1944, e Nollie, falecida em 1953. Antes da Segunda Guerra Mundial, seus pais dirigiam uma loja de joias no bairro judeu de Amsterdam. A família, ligada à Igreja Reformada Holandesa, fez amizade com muitos judeus, que a convidavam a participar de cerimônias de shabat e outras comemorações judaicas.
Quando os nazistas invadiram a Holanda em maio de 1940, Corrie tinha 48 anos, era solteira e trabalhava como relojoeira na loja do pai. Pouco a pouco, ela se envolveu em atividades clandestinas por meio das quais encontrou, no interior do país, refúgios temporários para judeus.
Refúgio Secreto
A notícia se espalhou entre os refugiados, e cada vez mais gente passou a procurar seu auxílio. Corrie, então, acabou construindo uma parede falsa em seu quarto — o “lugar secreto” —, atrás da qual escondia foragidos. Não demorou muito para que sua casa sediasse uma organização clandestina que atuava em todo o território holandês. Corrie começou a administrar cartões de vale-ração roubados mensalmente para alimentar os judeus. Essa atividade extremamente arriscada de certo levantaria suspeitas.
Um dia, um homem entrou na loja da família de Corrie e disse que sua esposa fora presa por abrigar judeus e que precisava de dinheiro para subornar o policial que a prendera. Esse homem, chamado Jan Vogel, acabou por se revelar um informante do partido nazista. Naquele mesmo dia, 28 de fevereiro de 1944, por volta do meio-dia e trinta, os nazistas prenderam toda a família Ten Boom.
Eles foram enviados para a prisão de Scheveningen (onde o pai de Corrie morreu dez dias após a prisão), em seguida para o campo de concentração Vught (ambos na Holanda), e finalmente para o campo de Ravensbrück, na Alemanha, em setembro de 1944, onde Betsie, a irmã de Corrie, morreu. Antes de morrer ela diria a Corrie “não há abismo tão profundo que o amor de Deus não seja ainda mais profundo”. Corrie foi solta um dia após o Natal de 1944.
No filme “O Refúgio Secreto”, tem Boom narra o episódio de sua saída do campo de concentração, contando que mais tarde ela soube que sua soltura havia sido um erro burocrático. As prisioneiras de sua idade no campo foram todas mortas uma semana após sua libertação.
Abaixo, você encontra um texto escrito por Corrie ten Boom, de suas Cartas da prisão, conteúdo que integra o capítulo dedicado à sua biografia em Heróis da Igreja – A Era Contemporânea.
Prezado senhor, Jan Vogel
Hoje fiquei sabendo que, muito provavelmente, foi você quem me traiu. Passei dez meses no campo de concentração. Meu pai morreu depois de passar nove dias preso. Minha irmã morreu na prisão.
Deus transformou em bem o mal que você planejou contra mim, pois isso me levou para mais perto dele. Uma dura punição aguarda você. Tenho orado em seu favor, para que o Senhor o aceite caso venha a se arrepender. Pense que, ao pender na cruz, o Senhor Jesus também levou consigo os pecados que você cometeu. Se admitir isso e desejar tornar-se filho de Deus, você será salvo por toda a eternidade.
Eu o perdoo de tudo o que fez. Deus fará o mesmo, se assim você lhe pedir. Ele o ama. Ele o ama e enviou o próprio Filho à terra para redimir seus pecados, os quais, por natureza, seriam motivo de sofrida punição, como seria para mim. De sua parte, você deve responder a esse ato divino. Se ele lhe diz: “Venha a mim e dá-me seu coração”, sua resposta deve ser: “Sim, Senhor, eu irei, torna-me teu filho”.
Corrie ten Boom, Cartas da prisão, p. 81
Autor: Elton Melo
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