A Base da Comunhão – Cristo no Centro

  • 04/02/2024
Índice:

Introdução:

O apóstolo Paulo escreveu aos colossenses para alertá-los sobre os falsos ensinos que ameaçavam a sua fé em Cristo. Destacam-se três ameaças à Igreja verdadeira, naquela epoca:

  1. Judaísmo Legalista: Alguns ensinamentos judaicos que enfatizavam a observância estrita da lei, como a circuncisão e práticas rituais, poderiam ter sido apresentados como necessários para a salvação, desviando os colossenses da graça de Cristo.
  2. Filosofias Gregas: Influências de filosofias gregas que menosprezavam o material e exaltavam o espiritual. Isso poderia ter levado a uma visão negativa do corpo e da criação, desvalorizando a encarnação de Cristo e a importância da vida comunitária.
  3. Adoração esotérica: Pode ter havido ensinamentos que exaltavam a adoração de anjos ou outros seres celestiais como intermediários necessários para alcançar a divindade, diminuindo assim a singularidade e supremacia de Cristo.

O alerta de Paulo buscava reafirmar a suficiência de Cristo como o único meio de salvação e destacar que nada mais era necessário além da fé nEle. Ele enfatiza a soberania e a divindade de Cristo, a redenção por meio de Sua obra na cruz e a liberdade em Cristo, desencorajando práticas legalistas e rituais externos como meios de justificação.

Ele também quis instruí-los sobre como viver de acordo com a sua nova identidade em Cristo, como membros do seu corpo, a igreja.

No capítulo 3, ele apresenta três aspectos fundamentais da vida cristã: 1) a busca das coisas do alto; 2) o revestimento do novo homem; e, 3) a vida em comunhão tendo como base principal o amor. Esses três aspectos estão intimamente relacionados com a vida da Igreja, que é o tema do nosso sermão de hoje.

A comunhão é a participação mútua dos crentes na vida e na missão de Cristo, expressa no amor, na unidade e na edificação. A comunhão é um dom de Deus, mas também uma responsabilidade nossa. Ela requer que cultivemos certas atitudes e virtudes que refletem o caráter de Cristo.

Vamos ver, então, quais são essas atitudes e virtudes que Paulo destaca em Colossenses 3.1-14, e como elas formam a base da nossa comunhão. Para viver uma verdadeira comunhão frutífera, você precisa:

1- Buscar as Coisas do Alto (vs. 1-4)

1 Uma vez que vocês ressuscitaram para uma nova vida com Cristo, mantenham os olhos fixos nas realidades do alto, onde Cristo está sentado no lugar de honra, à direita de Deus. 2 Pensem nas coisas do alto, e não nas coisas da terra. 3  Pois vocês morreram para esta vida, e agora sua verdadeira vida está escondida com Cristo em Deus. 4 E quando Cristo, que é sua vida,11 for revelado ao mundo inteiro, vocês participarão de sua glória (Colossenses 3.1-4 – NVT).

O trecho de Colossenses 3.1-14 convoca os cristãos a concentrarem-se nas realidades celestiais e a renunciarem às questões terrenas. Paulo destaca que nossa vida, enquanto cristãos, está oculta com Cristo em Deus. Quando Cristo, nossa vida, se revelar, seremos gloriosamente manifestados com Ele.

Paulo inicia ressaltando que, se fomos ressuscitados com Cristo, é imperativo buscar as coisas do alto, onde Ele está à direita de Deus (v. 1). Essa busca transcende a perspectiva carnal e terrena, exigindo uma mentalidade alinhada com a vontade divina (v. 2). A orientação é clara: pensar e agir de acordo com Deus, não ceder a desejos egoístas. Recorda-nos que nossa vida está segura em Cristo, gerando esperança na salvação e na herança eterna (v. 3-4), afastando medos e ansiedades.

Irmãos, orientemos nossos corações para as realidades celestiais, desapegando-nos do terreno em busca de verdadeira transformação. Vivamos em comunhão constante com Deus. Mantenhamos nossas mentes nas coisas do alto, conforme Paulo ensina. Isso implica focar em Deus e em Seu reino, cultivando leitura bíblica, oração e busca contínua por Sua orientação. O amor, impulsionador dessa busca, nos motiva a aspirar às coisas celestiais.

2- Despojar nosso Velho Homem (vs. 5-9)

5 Portanto, façam morrer as coisas pecaminosas e terrenas que estão dentro de vocês. Fiquem longe da imoralidade sexual, da impureza, da paixão sensual, dos desejos maus e da ganância, que é idolatria. 6 É por causa desses pecados que vem a ira de Deus. 7 Vocês costumavam praticá-los quando sua vida ainda fazia parte deste mundo, 8 mas agora é o momento de se livrarem da ira, da raiva, da maldade, da maledicência e da linguagem obscena. 9 Não mintam uns aos outros, pois vocês se despiram de sua antiga natureza e de todas as suas práticas perversas. (Colossenses 3.5-9 NVT).

Devido a essa nova realidade em Cristo, é imperativo abolir as práticas pecaminosas que habitavam em nós, tais como imoralidade sexual, impureza, paixão, cobiça e idolatria (v. 5). Essas ações incitam a ira de Deus sobre os desobedientes, sendo comportamentos presentes em nossa vida antes de conhecermos a Cristo (v. 6-7). Agora, devemos abandonar essas práticas, incluindo ira, malícia, maledicência, linguagem obscena e mentira (v. 8-9).

Essas condutas não harmonizam com nossa nova identidade em Cristo, pois já nos despojamos do velho homem e nos revestimos do novo homem, renovado no conhecimento à imagem daquele que o criou (v. 9-10). Nesse novo homem, não há distinção entre judeu e grego, circunciso e incircunciso, bárbaro e cita, escravo e livre; Cristo é tudo em todos (v. 11).

Isso implica o reconhecimento e respeito pela diversidade e igualdade entre os membros do corpo de Cristo. A renúncia do velho homem torna-se essencial para nossa comunhão, libertando-nos das práticas que nos afastam de Deus e dos irmãos, aproximando-nos de Cristo e de Sua vontade. Em amor, rejeitemos as ações que desagradam a Deus, despojando-nos do velho homem, e revistamo-nos da nova natureza, moldada pelo Espírito, cultivando atitudes que expressem o amor divino.

3- Viver em comunhão com amor (vs. 10-14)

10 Revistam-se da nova natureza e sejam renovados à medida que aprendem a conhecer seu Criador e se tornam semelhantes a ele. 11 Nessa nova vida, não importa se você é judeu ou gentio,13 se é circuncidado ou incircuncidado, se é inculto ou incivilizado,14 se é escravo ou livre. Cristo é tudo que importa, e ele vive em todos. 12 Visto que Deus os escolheu para ser seu povo santo e amado, revistam-se de compaixão, bondade, humildade, mansidão e paciência. 13 +Sejam compreensivos uns com os outros e perdoem quem os ofender. Lembrem-se de que o Senhor os perdoou, de modo que vocês também devem perdoar. 14 Acima de tudo, revistam-se do amor que une todos nós em perfeita harmonia. (Colossenses 3.10-14 NVT).

Viver em união com outros cristãos é essencial. A jornada cristã não é solitária; precisamos uns dos outros para crescer e amadurecer em nossa fé. Isso implica disposição para perdoar, suportar e encorajar uns aos outros. O amor é o fio que nos une, permitindo uma convivência harmônica.

Abraçamos nossa nova identidade em Cristo, marcada pelo amor. Sejamos compassivos, pacientes e perdoadores, sendo o elo perfeito. Que, em tudo, o amor oriente nossas ações, unindo-nos em harmonia. Amemo-nos mutuamente, pois o amor é a base da perfeição.

Colocar em prática o amor vai além de emoções; é uma ação. Sejamos gentis, pacientes, bondosos e compassivos em nossas vidas diárias. Estejamos prontos para ajudar e fazer sacrifícios pelos outros. O amor é o impulso que nos capacita a agir em favor dos outros.

Paulo destaca que, como eleitos de Deus, devemos nos revestir de misericórdia, benignidade, humildade, mansidão e longanimidade (v. 12). Essas virtudes caracterizam o novo homem, moldado à imagem de Cristo, o modelo perfeito delas. Capacitam-nos a suportar e perdoar uns aos outros (v. 13), demonstrando nosso amor fraternal, o elo que aperfeiçoa a comunhão.

O amor, suprema virtude que resume a lei e os profetas, nos identifica como discípulos de Cristo. Ele é o novo mandamento de Cristo, que devemos obedecer, e o fruto do Espírito, derramado em nossos corações, participando da natureza divina. O revestimento do novo homem é vital para nossa comunhão, transformando-nos à semelhança de Cristo e habilitando-nos a amar como Ele nos amou.

Que nos revistamos de amor, vivamos em união, mantenhamos nossas mentes focadas nas coisas do alto e pratiquemos o amor em nossas vidas diárias. Que o amor seja o elo da perfeição em nossas vidas.

Conclusão

Paulo encerra afirmando que, acima de todas as coisas, devemos nos revestir do amor, o vínculo perfeito (v. 14). Essa ênfase destaca a importância e prioridade do amor em nossa vida cristã. Ele também destaca que a paz de Cristo deve governar em nossos corações, para a qual fomos chamados em um corpo (v. 15).

Essa convocação implica buscar e preservar a harmonia e a concórdia entre os irmãos, evitando contendas e divisões que prejudicam nossa comunhão. Expressando gratidão (v. 15), devemos reconhecer e louvar a Deus por todas as bênçãos concedidas em Cristo, especialmente pela salvação e pela comunhão com Ele e os irmãos.

Paulo ressalta que a palavra de Cristo deve habitar ricamente em nós, em toda a sabedoria (v. 16). Isso significa estudar, meditar, praticar e ensinar a palavra de Deus, fonte de nossa fé, esperança e amor. Devemos edificar uns aos outros com a palavra e com música que expressa adoração e alegria em Deus.

Tudo o que fizermos, seja em palavra ou ação, deve ser feito em nome do Senhor Jesus, agradecendo a Deus Pai (v. 17). Consagrar toda a vida a Deus, agindo para Sua glória, é crucial. A reverência ao Senhor torna-se uma atitude essencial para nossa comunhão, submetendo-nos à Sua autoridade e inspirando-nos a adorá-Lo e servi-Lo junto aos irmãos.

Concluindo, a comunhão é um dos maiores privilégios e desafios da vida cristã. Um privilégio que nos permite participar da vida e missão de Cristo, unindo-nos em amor e verdade.

Como posso aplicar essas atitudes e virtudes na minha vida diária?

Essa é uma ótima pergunta, pois mostra o seu desejo de viver de forma prática e coerente com a sua fé em Cristo. Aqui estão algumas sugestões de como você pode aplicar essas atitudes e virtudes na sua vida diária:

  • Para renunciar ao velho homem, você pode examinar o seu coração e confessar os seus pecados a Deus, pedindo-lhe perdão e força para vencer as tentações. Você também pode evitar as situações e as influências que o levam a pecar, e buscar a companhia e o apoio de outros irmãos que o ajudem a crescer na graça e no conhecimento de Cristo.
  • Para se revestir do novo homem, você pode cultivar um relacionamento pessoal e íntimo com Cristo, através da oração, da leitura e da meditação da sua palavra, e da participação nos cultos e nas atividades da igreja. Você também pode praticar o amor ao próximo, servindo, ajudando, consolando, encorajando e compartilhando com os irmãos e com os necessitados, seguindo o exemplo de Cristo.
  • Para reverenciar ao Senhor, você pode reconhecer a sua soberania e a sua bondade em todas as circunstâncias da sua vida, e agradecer-lhe por todas as suas bênçãos. Você também pode glorificar a Deus com os seus lábios e com a sua vida, louvando-o com cânticos e testemunhos, e fazendo tudo em seu nome, para a sua honra e para o seu louvor.

Espero que essas sugestões sejam úteis para você. Lembre-se de que Deus é fiel e que ele está com você em todos os momentos, para lhe dar graça e paz. Que Deus o abençoe e o guarde.

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Autor: Elton Melo